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Os problemas sociais da Paraíba nas letras de Pinto do Acordeon

Sua forte ligação com temas relacionados a agricultura, levou para a música a problematização de situações de dificuldade vivida por nordestinos, na canção ‘Matuto Teimoso” é possível perceber uma séria crítica social a falta de assistência estatal face aos fortes períodos de estiagem.

17/03/2022 às 12h59 Atualizada em 21/03/2022 às 12h37
Por: Silvio Darlan
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Os problemas sociais da Paraíba nas letras de Pinto do Acordeon

Conhecido como Pinto do Acordeon, Francisco Ferreira Lima nasceu em Conceição, no Vale do Piancó, e se tornou popular a partir de apresentações com o também músico Luiz Gonzaga, o ‘Rei do Baião’, tendo sido autor e intérprete de várias canções que marcaram a cultura nordestina.

 

Além de artista, Pinto do Acordeon foi vereador de João Pessoa, em mandato que durou de 1993 a 1997.

 

Sua forte manifestação musical marcou gerações, a obra dele se tornou Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado da Paraíba. Ainda em 2019, o artista recebeu o título de Mestre das Artes Canhoto da Paraíba.

 

Ele gravou cerca de 20 álbuns durante a carreira. ‘Neném Mulher’ é uma das músicas mais conhecidas e que se tornou ícone do São João, sendo ele figura principal nas festas de abertura das festas em Patos.

 

Sua forte ligação com temas relacionados a agricultura, levou para a música a problematização de situações de dificuldade vivida por nordestinos, na canção ‘Matuto Teimoso” é possível perceber uma séria crítica social a falta de assistência estatal face aos fortes períodos de estiagem.

 

Apesar de levantar situações que afloram a tristeza, Pinto do Acordeon cria um imaginário de esperança, com habilidades poéticas de forte identificação com a cultura paraibana, sua  ligação com a terra é expressa nas suas letras de afirmação e orgulho, suas raízes é desenhada fortemente na canção ‘Minha Origem’ de 1994, com arrimo e lirismo, sutilmente discorre sobre uma grande problemática vivida na segunda metade do século passado, fincado pelo banditismo com origens na violência rural, mostrando um ambiente diferente, de tranquilidade, fazendo um verdadeiro trabalho de divulgação do seu lugar através da arte.

 

De modo geral, suas letras transmitem  a essência das várias manifestações culturais, sempre apontando para situações inusitadas, mas que carregam uma forte carga de crítica feita de forma tão harmoniosa que desafia as letras de qualquer doutor em sociologia, ao se aproximar dos festejos de São João, impossível não lembrar de sua energia que arrebata o mais intenso espírito nordestino, esse filho ilustre de Conceição(PB), radicado em Patos(PB), conquistou cabeças e corações e se tornou uma lenda, um vulto de grande expressão cultural, eternizado nas noites de São João.

 

 

 

Silvio Darlan é Advogado e escreve para o Jornal Estadão da Paraíba.

 

 

 

 

 

Silvio Darlan
Silvio Darlan
Sobre Advogado e professor, em Direito Público atua como assessor jurídico da Fundação Ernani Sátyro do Governo do Estado da Paraíba. Escreve e pesquisa sobre história, cultura e literatura brasileira.
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