Texto originalmente publicado no Jornal “A UNIÃO” no dia 12/03/2021
O sertão conta muitas histórias, e essa que passo a transcrever tem início no século passado, nos idos de 1911, na cidade de Patos, Estado da Paraíba, trata-se de Ernani Sátyro.
Da pequena cidade, surge um grande letrado, que inicia a sua extensa trajetória política e cultural, na faculdade de Direito do Recife, em 1933. No ano seguinte, chega ao poder legislativo em seu primeiro mandato, ele estava diante de um grande desafio, fora eleito para compor a Assembléia Estadual Constituinte que elaborou o texto constitucional paraibano de 1935. Dedicou-se também a advocacia, foi prefeito de João Pessoa em 1940, em um momento histórico e agitado, com a queda de Argemiro de Figueiredo, de quem era correligionário.
Com a chegada da redemocratização do país, torna-se deputado constituinte. Durante seis oportunidades exerceu o mandato de deputado federal. Foi Ministro do Superior Tribunal Militar até o momento em que decide retornar ao seu Estado, para pleitear o cargo máximo do executivo estadual, tomando posse em 1971.
Como governador se destaca como um governo de obras em todo o Estado, que ainda hoje estão no patrimônio e no serviço dos paraibanos, dentre essas obras, cabe ressaltar: O Centro Administrativo em Jaguaribe, sede própria da Assembléia Legislativa, estádios de futebol de João Pessoa e Campina Grande, as centrais de abastecimento de João Pessoa e Campina Grande, Quartel de Bombeiros da Capital, Conclusão do Hotel Tambaú e tantas outras pelo interior.
Firme nas suas idéias e com um viés literário que fez do homem Ernai Satyro, um imortal das letras. Na década de 1950, inicia uma intensa atividade literária, publicando numerosos ensaios em suplementos literários de jornais cariocas, notadamente, Tribuna de Imprensa e Diário de Notícias.
No Diário de Notícias de 1954,Temístocles Linhares dizia que existia deputados e deputados romancistas. A distinção talvez já esteja se acusando entre nós, tamanho é o número de escritores que passaram pelo nosso parlamento. Se algumas vocações tem sido reveladas , está se criando ali um tipo de escritor que lhe é inerente: o deputado que também é um romancista.
O romance nordestino foi, antes de tudo um panorama de uma realidade, de um cenário. Quase sempre rural, mas também urbano. Suas inspirações foram sempre a sua cidade, que ensinou o garoto Ernani a escrever, e depois Ernani ensina a Paraíba e o Nordeste a gostar de ler seus romances e contos, eternizando um imortal.